Monday 17 December 2012

Cartas esquecidas no tempo

Sentado a beira da cama, lendo as cartas há tempos deixadas na gaveta por não ter tido coragem de enviá-las ao 'meu amor. Me vejo num passado tão distante e de imagens ofuscadas pela luz do presente. Lindas palavras jamais compartilhadas, em você inspiradas e por nós eternizadas. Não posso voltar e refazer o caminho, já foi tudo escrito. Sentado a beira da cama, revivendo o amor, revivendo segredos ignorados, segredos do passado. Cartas esquecidas no tempo...

2 comments:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=TAFR6fHWbdw

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  2. Velha voz

    Por vezes, cobramos amor sem sermos capazes de concebê-lo
    Num despertar súbito, rente ao espelho
    Vejo rugas de experiências, marcas de um tempo efêmero de outrora
    A nudez da casa, despedida de minha outra parte
    Um silêncio eloquente e obsoleto
    O tempo cavalga, marcado ao tine de um relógio em números romanos
    No maleiro os sapatos lustrados, velhas fotografias corroídas pelas traças
    e alguns livros amarelados
    A xícara de café parece bailar em minhas gélidas mãos
    Prateadas madeixas oscilantes em sua matiz dessaturada
    Revelam-me o inevitável
    O tempo passou, passou a ponto de em minha inquietude
    Viajar no tempo, mesmo sem sair do lugar
    nas escassas e jovens memórias que me torturam por não poder revivê-las
    Ao som de Hurt na voz que cobre o vinil autografado de Johnny Cash
    sentado a uma cadeira de balanço a menear meus pensamentos
    Um verdadeiro cinema mudo, preto e branco, vendo o vento bater em meu rosto e passar
    Como tudo nesta vida passa
    Ouço aquela velha voz
    A dizer as mesmas coisas
    A espantar os mesmos fantasmas
    E um dia ela arrogante, chega, cospe na tua cara
    a saliva saturada e seca, que custa descer sobre a garganta
    Mas o amor, esta é a única coisa que não envelhece.

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